“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.”
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.”
Rubem Alves
Que tipo de Escola temos e queremos ter? Que cidadãos queremos formar na escola de hoje e na escola de amanhã?
Tendo em vista algumas questões levantadas em sala de aula com os meus alunos nas aulas de Conhecimentos Didáticos Pedagógicos do Ensino Fundamental a respeito do texto que estávamos trabalhando sobre a questão da Democratização da Escola Pública, no livro de Didática de José Carlos Libâneo, senti a importância trabalharmos e discutirmos em aula a respeito do tema: Que escola temos e que escola queremos?
Tal pergunta, levantou uma série de questionamentos que me levaram a um profundo repensar da Escola Pública que temos hoje e daquela realmente necessária, e que formará os cidadãos do futuro.
É com a seguinte citação abaixo que inicio algumas reflexões que faremos aqui.
“A escola que temos parece, cada vez mais, um espaço do desaprender. Preocupados, tentamos novos caminhos. Mas nossas tentativas ainda são muito tímidas e modestas. Falamos muito. Mudamos pouco. E a situação precisa de um choque, de alterações radicais. Fora dos muros escolares as coisas vão acontecendo mais rapidamente. As alterações são profundas. Com isso, a escola fica mais atrasada ainda.
Faz algum tempo que venho insistindo na necessidade de reconsiderar os espaços escolares. Se eles continuarem com sempre foram, introdução de novos meios, de novas formas de comunicação, mudará muito pouco, quase nada. A escola comeniana (espelhada no moinho) é uma máquina poderosa de moer novidades. Já moeu o cinema e a TV. Está moendo o computador.
Qual a mudança necessária?”
“ O sistema educacional brasileiro está inserido no contexto do sistema global capitalista que atualmente se encontra em crise.
Para melhor entendermos tal crise e posteriormente tentar respondê-la é necessária a formação de um projeto político-pedagógico, ou melhor, um projeto de uma educação para a emancipação humana.
Para pensarmos em um projeto emancipatório, temos que analisar algumas questões: a sociedade, o indivíduo e a educação que temos e que queremos. De início fizemos um breve histórico da sociedade que temos, em seguida a perspectiva que temos; posteriormente uma reflexão do indivíduo que temos e que queremos e finalmente um apanhado histórico da educação que temos e sua perspectiva.
É na sociedade moderna que se forma a idéia de educação para formar cidadãos, escolarização universal, gratuita e leiga, que deve ser estendida a todos; a escola passa a ser a forma predominante da educação.
De acordo com Enguita (1989), era preciso inventar algo melhor e inventou-se e reinventou-se a escola; criaram escolas onde não havia, reformaram-se as existentes e nelas introduziu-se a força toda a população infantil. A instituição e o processo escolar foram reorganizados de forma tal que as salas de aula se converteram no lugar apropriado para se acostumar às relações sociais do processo de produção capitalista, no espaço institucional adequado para preparar as crianças e os jovens para o trabalho.
O que queremos é a emancipação da educação como princípio educativo e a formação de um sujeito da emancipação como objetivo.
Este trabalho foi realizado tendo por base uma fundamentação histórica da sociedade em que vivemos, para então, em particular analisarmos a situação atual de nossa educação que hoje está inserida em uma sociedade em crise.”
Este trabalho foi realizado tendo por base uma fundamentação histórica da sociedade em que vivemos, para então, em particular analisarmos a situação atual de nossa educação que hoje está inserida em uma sociedade em crise.”
Rodiney Marcelo Braga dos Santos
Colunista Brasil Escola
Especialista em Gestão Escolar (UECE).
A partir das seguintes citações acima, chego a conclusão que a escola pública hoje encontra-se imersa numa verdadeira teia, onde não se sabe o começo e o fim de tantos problemas que a cerca.
Sonhamos sim, com uma escola igualitária, com acesso para todos, mas também vislumbramos as dificuldades que muitos em nosso país ainda possuem quando se deparam com a realidade do que seja a verdadeira escola pública , que infelizmente ainda não é para todos.
Isso pude constatar quando trabalhei o assunto em questão em sala de aula, e gostaria de compartilhar aqui algumas frases e textos citados por meus alunos.
“ A escola que temos, infelizmente não é a escola dos sonhos, mas como vivemos num mundo onde nem todos podem pagar uma escola particular, a única solução é estudar numa escola do Município ou do Estado.
Hoje, as escolas públicas tem uma precariedade muito grande como falta de professores, bibliotecas que não funcionam, alunos desmotivados...
A escola que o povo quer e nós estudantes também queremos, é uma escola que cumpra seu dever... uma escola onde os professores não tenham medo de lidar ou de se aproximar do aluno, sem o receio de ser ‘roubado’, pelo fato de estar numa comunidade carente, onde o sistema funcione, onde alunos e professores sejam respeitados e que os diretores sejam mais participantes nas atividades escolares,”
D. Gonçalves
“A escola que temos hoje, infelizmente é a escola que muitos não gostariam de ter; mas como as pessoas de baixa renda não tem condições para pagar uma escola particular para seus filhos, o jeito é colocá-los nas escolas públicas...”
G. S. Sales
“ A escola que temos hoje, infelizmente é aquela em que temos muitas carências... é aquela onde as leis não são cumpridas, onde faltam muitos recursos e professores. È aquela em que os professores estão estressados e sobrecarregados pelas longas e duras horas de trabalhos acumulados, é aquela em que a desvalorização começa pelos nossos governantes que não investem todos os recursos necessários para que seja dada uma educação de qualidade ao povo brasileiro. Porém sonho com a escola que faça a diferença na vida dos alunos, que seja valorizada em seu sentido amplo, onde pais, mestres e alunos se conscientizem e se unam para que escola seja de qualidade, que os governos façam cumprir as leis e que todos tenham acesso a verdadeira escola pública de qualidade que tanto sonhamos...”
T. de Moura
“Hoje a escola que temos, é uma escola ainda atrasada em relação a muitas coisas e as muitas mudanças do nosso tempo. É aquela em que muitos alunos ainda se sentem desmotivados em estudar, onde os professores são desrespeitados e desvalorizados tanto pela sociedade, quanto pelos nossos governantes. É aquela em que ainda falta o diálogo entre escola e sociedade. Mas...o que podemos fazer para transformar nossa escola? Que atitudes deveremos tomar para que ela não seja uma escola que exclua? Como tornar os alunos, pais, professores e todos que atuam e participam da vida na escola comprometidos de verdade?
B. F. dos Santos
Essas foram apenas algumas colocações que destaquei entre tantas outras que foram analisadas por mim em suas escritas.
Pude observar que há uma preocupação muito grande em que essa escola não morra, há uma preocupação sim, em relação a escola e que muito incomoda a sociedade que ainda vê a escola pública , principalmente como um único meio de acesso ao saber....
Foi pensando nisso tudo que resolvi expressar aqui a minha indignação, revolta, um grito pela escola que tanto luto que é a escola pública de qualidade.
Quando iniciei a nossa conversa com alguns trechos de Rubem Alves, foi justamente pra lembrar que a escola que queremos não é aquela em que os nossos alunos se sintam ‘presos’, ‘engaiolados’, e sim, livres, conscientes e que alcancem vôos altos na nossa sociedade. Pude observar que ao longo dos anos a escola pública perdeu seu valor, quando se diz que ela foi feita pros ‘pobres’ e não para todos. E pergunto: Quem são esses pobres? Não seria a pobreza maior negar algo de qualidade a todos aqueles que fazem e constroem esse país?
Creio que seja necessário muitos repensares sobre a escola que temos e a escola que queremos; e que ainda vai muito longe daquilo que sonhamos de fato.
Que acordemos enquanto ainda é tempo!
Que possamos reinventar a Escola Pública!
Publicado por Adriana Dias Cunha em 18/10/2010
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarMuito boa reflexão! Vou inserir nas discussões de minhas aulas. Muito obrigada!
ResponderEliminarum doa assuntos que chamam atenção é sobre esse desejo da escola ideal tendo em vista que ainda há muito a ser alcançado pela escola real.Mas o que temos feito para mudar isso?Quais são as experiencias que tem sido disseminadas e que tem dado muito certo?! Como podemos reverter essa escola do desaprender ou a escola que pensa que formar competência é encher os quadros de conteúdos...
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