Mestres de escolas estaduais sem direito a bônus anual serão submetidos a novo programa de reciclagem em Educação
Rio de Janeiro- Os professores da rede estadual de ensino vão ficar 'de recuperação' caso não consigam atingir as metas estabelecidas pela Secretaria de Educação. Eles serão submetidos a reciclagem, com cursos de capacitação e adaptação ao novo formato de ensino que o estado vai instituir.O critério faz parte do Plano de Metas da Educação, criado pela secretaria para seguir à risca o objetivo traçado pelo governador Sérgio Cabral, de por o estado até 2014 entre os cinco melhores no ranking do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), medido pelo Ministério da Educação (MEC).
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Os objetivos serão instituídos por escola: cada uma das 1.466 terá a sua. Para criar o modelo, foram levados em consideração os últimos resultados obtidos na avaliação do MEC, além de deficiências encontradas em levantamento elaborado pela Secretaria Estadual de Educação.
Os professores das escolas que cumprirem 100% das metas vão receber bônus que poderá alcançar um valor maior do que dois salários adicionais por ano.
O órgão vai acompanhar, em tempo real, os resultados alcançados pelas escolas. A intenção é corrigir as falhas encontradas. Com isso, os professores poderão ser qualificados antes mesmo do término do período de avaliação do programa. O plano será anual, assim como a gratificação para quem atingir as metas. A intenção da secretaria é oferecer meios para que o profissional atinja o objetivo.
Ainda não está definido se o professor em recuperação será capacitado na Casa do Educador — unidade criada para cuidar da formação inicial do docente e qualificar os que já atuam em sala.
As medidas criadas são entrelaçadas. Portanto, para alcançar a meta será necessário garantir o cumprimento de um conjunto de ações que deverão ser apresentadas pela Secretaria Estadual de Educação até o dia 20.
O pagamento de bônus por meritocracia também pretende manter os professores no quadro do estado e tornar o cargo mais atraente para novos candidatos. Para as disciplinas com maior carência de professores, é possível que o estado crie outras ações, além do plano de metas, para reverter o cenário.
Está sendo finalizado levantamento do total de professores fora da sala de aula. A estimativa é que 12 mil profissionais estejam cedidos a outros órgãos ou de licença-médica.
Queda livre no rendimento da rede estadual de ensino
O Ideb — índice de 0 a 10, medido a cada 2 anos com base em avaliações do Ministério da Educação e taxas de aprovação — apontou situação preocupante no Rio em 2009. As 10 piores escolas fluminenses são estaduais e estão localizadas na capital do Rio. A média de 2,8 da rede foi igual à de 2007, bem abaixo da média nacional, 3,6.
Das 100 escolas com o mais baixo Ideb no 2º segmento do Ensino Fundamental (6º ao 9º anos), 82 são da rede estadual.
As taxas de abandono e reprovação entre alunos do Ensino Médio no estado também são maiores do que os números registrados no País. Os índices negativos não se repetem da mesma forma na rede particular do estado, que tem apresentado gradativa melhora no Ideb. A taxa de aprovação na rede privada (89,06%) também é maior do que na estadual (62%).
O prêmio
CÁLCULOS
Os valores consideram o reajuste salarial que entra em vigor em julho.
NÍVEL 1
O piso vai subir para R$ 637,84: adicional será acima de R$ 1.275,68.
NÍVEL 2
Piso de R$ 714,38: bônus poderá ser maior que R$ 1.428,76.
NÍVEL 3
Piso de R$ 800,11: gratificação deve superar os R$ 1.600,22.
NÍVEL 4
Piso vai aumentar para R$ 896,12: adicional vai superar R$ 1.792,24.
NÍVEL 5
Piso: R$ 1.003,65. O bônus será acima dos R$ 2.007,30.
NÍVEL 6
Piso de R$ 1.124,09 e gratificação superior a R$ 2.248,18.
NÍVEL 7
Piso de R$ 1.258,98 e gratificação maior do que R$ 2.517,96.
NÍVEL 8
Piso de R$ 1.410,06: o bônus será superior a R$ 2.820,12.
NÍVEL 9
Piso de R$ 1.579,27 e gratificação acima de R$ 3.158,54.
Um só bônus para cada profissional
O pagamento da gratificação de R$ 500, feito em 22 de dezembro, para os professores em atividade gerou queixa dos profissionais que têm duas matrículas no estado, mas receberam só uma vez. A Secretaria de Educação esclareceu que a bonificação foi por CPF. Possivelmente, o bônus do plano de metas vai manter a regra, prometendo polêmica.
Especialistas defendem reciclagem e diálogo entre estado e categoria
Especialistas em Educação ouvidos por O DIA concordam que programas de reciclagem de professores são importantes para melhorar o ensino estadual. Mas defendem o diálogo com a categoria e a avaliação das escolas, caso a caso. Professora da Faculdade de Educação da Uerj, Miriam Paura acredita que as unidades de ensino estaduais do Rio podem, sim, dar um salto de qualidade em quatro anos.
"Acredito na possibilidade de realizar essa meta no momento em que o governador está comprometido para que isso aconteça", diz. Ela pondera, no entanto, que é preciso ouvir todos os envolvidos antes de tomar as medidas. "É importante não simplesmente adotar normas, decisões, de cima para baixo, mas ouvir as escolas, os professores, para saber de fato as necessidades e a realidade de cada escola", observa.
Danilo Serafim, coordenador do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do estado, defende que a reciclagem de professores seja constante. "A formação do profissional tem que ser continuada, indistintamente. Todo professor tem que ter acesso a pós-graduação, mestrado. Tem que haver convênios com universidades. Essa formação tem que ser financiada pelo estado", afirma. Para ele, o mau desempenho das escolas também está relacionado aos baixos salários. "Existe uma carência enorme de professores. Há alunos que cursam o Ensino Médio e vão fazer vestibular sem nunca ter tido aula de Química ou Física. O piso no estado é de R$ 700 e isso causa êxodo de professores, que preferem trabalhar na rede particular".
fonte: http://odia.terra.com.br
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