quinta-feira, 28 de julho de 2011

Coordenador pedagógico: um profissional em busca de identidade

Pesquisa da FVC conclui que a formação de professores começa a ser o foco da atuação do coordenador, mas ele ainda sofre com a falta de apoio




Foto: Omar Paixão

Em algumas redes de ensino, ele é chamado de orientador, supervisor ou, simplesmente, pedagogo. Em outras, de coordenador pedagógico, que é como GESTÃO ESCOLAR sempre se refere ao profissional responsável pela formação da equipe docente nas escolas. Nas unidades que contam com sua presença, ele faz parte da equipe gestora e é o braço direito do diretor. Num passado não muito remoto, essa figura nem sequer existia. Começou a aparecer nos quadros das Secretarias de Educação quando os responsáveis pelas políticas públicas perceberam que a aprendizagem dos alunos depende diretamente da maneira como o professor ensina.

Diante desse cenário, a Fundação Victor Civita (FVC) decidiu descobrir quem é e o que pensa esse personagem relativamente novo no cenário educacional brasileiro, escolhendo-o como tema de uma pesquisa intitulada O Coordenador Pedagógico e a Formação Continuada de Professores: Intenções, Tensões e Contradições. Realizado pela Fundação Carlos Chagas (FCC), sob a supervisão de Cláudia Davis, o estudo teve a coordenação de Vera Maria Nigro de Souza Placco e de Laurinda Ramalho de Almeida, ambas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e de Vera Lúcia Trevisan de Souza, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Graças a ela, fizemos esta edição especial, com reportagens e seções tratando de temas relativos à coordenação pedagógica.

Uma das principais conclusões da pesquisa é que, apesar de ser um educador com experiência, inclusive na função (saiba mais sobre o perfil desse profissional no quadro abaixo), ainda lhe faltam identidade e segurança para realizar um bom trabalho. Ele se sente muito importante no processo educacional, mas não sabe ao certo como agir na escola frente às demandas e mostra isso por meio de algumas contradições: ao mesmo tempo em que afirma que sua atuação pode contribuir para o aprendizado dos alunos e para a melhoria do trabalho dos professores, não percebe quanto isso faz diferença nos resultados finais da aprendizagem (veja mais no quadro da próxima página). "A identidade profissional se constrói nas relações de trabalho. Ela se constitui na soma da imagem que o profissional tem de si mesmo, das tarefas que toma para si no dia a dia e das expectativas que as outras pessoas com as quais se relaciona têm acerca de seu desempenho", afirma Vera Placco.
Quem são os coordenadores pedagógicos no Brasil
Um resumo das características do profissional que atua nessa função

90% são mulheres

88% já deram aula na Educação Básica

76% têm entre 36 e 55 anos

A maioria tem mais de 5 anos de experiência na função


Quem são os coordenadores pedagógicos no Brasil




Dia a dia atribulado e legislação confusa contribuem para atuação sem foco

Analisando cada um dos elementos dessa somatória, percebe-se que, no quesito tarefas, a rotina desse educador é uma bagunça: 72% costumam acompanhar a entrada e a saída dos alunos diariamente, 55% conferem se as classes estão organizadas e limpas, 50% atendem todos os dias telefonemas de pais e de outras pessoas que procuram a escola (e 70% acreditam que isso é adequado) e 19% assumem alguma classe pelo menos uma vez por semana quando falta um professor. No meio disso tudo, temos ainda 9% que admitem não desempenhar nenhuma atividade regular relativa à formação de professores e 26% que se ressentem por não dispor de tempo suficiente para se dedicar à elaboração ou à revisão periódica do projeto político-pedagógico (PPP).

Quando se analisa a expectativa que a direção, a equipe docente e a comunidade têm dele, percebe-se a diversidade de posições: os diretores esperam que o coordenador pedagógico cumpra bem todas as determinações vindas da Secretaria de Educação; os professores, que ela seja um apoio nas dificuldades em sala de aula; e os pais, por sua vez, anseiam ser bem atendidos - ao mesmo tempo em que não sabem muito bem quais são suas funções (na verdade, o atendimento aos pais deveria ser feito pelo orientador educacional, quando há esse profissional na escola, ou pelo diretor, em horários previamente definidos).

Há também as atribuições legais, que poderiam ajudar na definição do papel do coordenador. Contudo, pela leitura atenta feita pelos pesquisadores das regulamentações de cinco Secretarias Estaduais, elas só acrescentam mais confusão ao quadro: das 256 funções listadas para o cargo, apenas 20% são explicitamente formativas.
Como os coordenadores pedagógicos se veem.
Porcentagem de profissionais que se se acham importantes para:

A aprendizagem dos alunos: 95%

O trabalho pedagógico dos professores: 100%


Porém, quando se compara com outros agentes, ele se coloca na sexta posição em importância:



Como os coordenadores pedagógicos se veem




    Problemas envolvem desde infraestrutura até falta de tempo


    Ao ser indagado sobre as questões que mais atrapalham sua rotina, o coordenador lista uma série delas. A infraestrutura é a que mais incomoda e o excesso de atribuições é, muitas vezes, citado como justificativa para não fazer o que deve - a formação de professores.

    Dificuldades com a equipe? Sim, elas existem para 31% dos entrevistados, que não sabem como fazer o professor desmotivado trabalhar, não conseguem ajudá-lo a cumprir as metas e ainda afirmam não saber como se firmar como líder dos docentes e exercer sua autoridade perante os colegas.

    É claro que todos esses dilemas poderiam ser resolvidos se o coordenador pedagógico tivesse uma boa formação para exercer o cargo: 96% garantem que a graduação foi boa ou excelente e, em média, os entrevistados já frequentaram 6,3 cursos específicos (21% em gestão escolar e 18% em outras áreas do conhecimento). Fica a dúvida: se esse profissional, segundo a própria avaliação, teve ou está tendo orientação para executar bem seu trabalho, por que não consegue focar a sua atuação na principal atribuição? A conclusão da pesquisa é que a falta de identidade profissional, já citada no início, e o fato de ser tão solicitado, por todos, para fazer de tudo na escola o levam a sentir-se importante, mas sem perceber o quanto isso o afasta de ser um bom formador de professores.
    Nas leis, muitas tarefas
    Nada menos do que 256 atribuições para o coordenador pedagógico foram encontradas nos regimentos de cinco Secretarias Estaduais. Dessas:


    Nas leis, muitas tarefas




    Supervisão insuficiente da rede sobre o trabalho do formador

    Outro estudo realizado pela FVC também no ano passado ajuda a entender melhor essa realidade do coordenador. Exclusivamente qualitativo, ele procurou conhecer as práticas formativas das redes públicas de ensino. A pesquisa, denominada A Formação Continuada de Professores no Brasil: Uma Análise das Modalidades e Práticas, obteve respostas de 19 Secretarias de Educação - seis estaduais e 13 municipais - das cinco regiões do país. Em todos os casos, foram feitas entrevistas com o secretário de Educação (ou seu representante), com o coordenador da formação continuada na rede e com o responsável por um projeto em andamento. Concluiu-se que, apesar de todos os esforços para que a formação em serviço ocorra com mais frequência e seja focada na necessidade dos professores em sala de aula, há a carência de programas voltados especificamente para aprimorar a prática do coordenador pedagógico.

    "Falta suporte adequado para que ele possa efetivamente exercer o papel de articulador das ações formativas de caráter colaborativo na escola", afirma Cláudia Davis, que, com Marina Muniz Rossa Nunes e Patrícia Cristina Albieri de Almeida, todas da FCC, também supervisionou essa pesquisa. Uma das secretarias que empreendeu esforços - em termos de lei e de infraestrurura - para valorizar a função do coordenador foi a de Governador Valadares, em Minas Gerais (como mostra a reportagem).

    Para completar esta edição especial sobre o coordenador pedagógico, encomendamos à educadora uruguaia Denise Vaillant um artigo, no qual ela discorre sobre a formação continuada de professores na América Latina - que pode ajudar a traçar um panorama do que dá certo e do que deixa a desejar em termos de políticas públicas nessa área.

    Esperamos que esse material contribua para a escola discutir internamente como aproveitar melhor a figura do coordenador pedagógico a fim de melhorar a qualidade da prática dos professores. E ainda para que as redes estaduais e municipais, com os dados colhidos na pesquisa, planejem maneiras de atender melhor esse profissional, que cada vez mais se mostra peça-chave na aprendizagem dos alunos.
    Metodologia da pesquisa
    O estudo O Coordenador Pedagógico e a Formação dos Professores: Intenções, Tensões e Contradições, que contou com o apoio do Itaú BBA, do Instituto Unibanco e da Fundação Itaú Social, foi feito em 2010 e 2011. Na fase quantitativa, os pesquisadores entrevistaram por telefone 400 coordenadores de 13 capitais brasileiras. Já a qualitativa envolveu entrevistas pessoais mais aprofundadas com 20 coordenadores das cinco regiões do país, os diretores das unidades de ensino onde estão locados e 40 professores.



    Paola Gentile (pagentile@abril.com.br)



    Comentários (16)


    Elena Roque de Souza Almeida - Postado em 27/07/2011 10:32:32


    Este tema é justamente o escolhido para minha tese de Mestrado... A escolha do objeto desta pesquisa foi baseada em minha experiência como professora de ¿séries iniciais¿, de primeiro ciclo, de segundo ciclo e como coordenadora pedagógica desde o meu primeiro trabalho até o atual, no CEFAPRO/Cbá MT com formação continuada na modalidade presencial. Devido a minha insatisfação em perceber que apesar das várias iniciativas do Governo Federal, em parceria com estados e municípios, com a implantação de programas voltados para a formação continuada, numa tentativa de reencantar a educação no país, pelas possibilidades de adequar o processo educacional, ainda encontramos um grande número de coordenadores pedagógicos da atualidade, desmotivados com seu papel ao vivenciar os desafios da função, pela responsabilidade de construir um ambiente de aprendizagem significativa, através de seu envolvimento no processo educativo frente à formação continuada dos professores e à qualidade de ensino, quando entendemos que o educar e o aprender se consolidam a partir da integração dos conhecimentos teóricos com a prática e da estreita relação de afetividade entre os diferentes sujeitos sendo de competência da coordenação pedagógica, mediar e fazer acontecer esse processo. Essa pesquisa mostrou que a causa maior da desmotivação dos coordenadores pedagógicos é possuir uma fundamentação teórica insuficiente e desatualizada para atender as práticas da atualidade. Nessa perspectiva, por estar envolvida no projeto de formação continuada, e também por fazer parte das minhas metas pessoal e de profissional apaixonada pelo processo educacional, senti-me estimulada em contribuir para que as escolas públicas estaduais de Mato Grosso, envolvendo especificamente os coordenadores pedagógicos da atualidade neste projeto de formação continuada na tentativa de motivá-los à atualização e inovação dos seus referenciais teóricos que podem lhes dar subsídios que sustentam o domínio em estabelecer diretrizes e ações que definem o seu trabalho educacional no desempenho das atribuições de sua função. E com isso, evitar que o papel de coordenador pedagógico se perca nas diferentes funções dentro da escola: delegado, diretor, secretária, assistente social, entre outras. O coordenador motivado ao seu papel, consegue coordenar ações pedagógicas capaz de assegurar que o professor seja o titular da sua turma, que os pais acompanhem com compromisso a vida escolar dos filhos, enfim, coordena um ensino de qualidade.


    JOSÉ TADEU NERIS MENDES - Postado em 18/07/2011 20:19:21


    O próprio tema afirma algo que não existe: a condição de 'profissional' do coordenador pedagógico. Não existe um código de conduta ética do Coordenador Pedagógico, tampouco do professor. Não existem conselhos representativos, que definam a função docente, nem do Coordenador Pedagógico. Acabam fazendo de tudo um pouco: delegado, psicólogo, pai, mãe, investigador, orientador de opção sexual... e a função decente definida. Vejamos: um contador em qualquer organização (pública ou privada) sabe o que deve e não pode fazer; um médico, idem; o engenheiro, também. E o professor, quem define o papel do professor? Outra coisa: o sindicato não tem competência para definir essa função. Bem, partindo do princípio que quem define a função docente é o Estado ou o patrão da escola particular. Assim, tanto o Coordenador Pedagógico, quanto o professor, não tem satus de profissional. Todos dizem o que devem fazer, especialmente as mídias. E a cada autor que cria uma "nova forma para educar", como cordeiros seguem a trilha do novo pensador como se fosse o inventor da roda, pois como não possuem um órgão de representatividade seguem o "grande líder", sem discussão. Lamentável, para quem cobra a ausência do pensamento crítico dos outros.


    FERNANDA BINDACO DA SILVA ASTORI - Postado em 18/07/2011 18:40:30


    Li toda a revista Nova Escola, Ed. Especial Gestão Escolar, jun.2011 que analisa o perfil e as condições de trabalho dos Coordenadores Pedagógicos nas escolas hoje. Li também a Edição Especial Gestão Escolar, Dossiê Coordenador Pedagógico, que aborda o tema. Sou Coordenadora Pedagógica na rede municipal de ensino há 9 anos. As duas edições abordaram com muita precisão e qualidade o tema, refletindo a realidade que encontramos nas redes de ensino hoje. É isso mesmo! Senti todas essas dificuldades quando assumi a coordenação e sei que ainda está longe de superarmos tantos obstáculos nessa caminhada. E necessário rever as políticas públicas e tornar mais claros os seus objetivos e metas no que se refere à área pedagógica, porque de nada adianta investimentos em infraestrutura e equipamentos se o material humano não é qualificado para trabalhar com a demanda que temos nas escolas públicas atualmente. É necessário mudar a legislação que determina tantas atribuições ao Coordenador Pedagógico, dificultando o trabalho junto ao seu par, o professor. Na verdade essa seria a tarefa mais prazerosa dentre as atribuições do Coordenador Pedagógico: acompanhar o planejamento, a execução e avaliação da proposta pedagógica, em suas diversas perspectivas, até atingir seu objetivo primordial que é de elevar a qualidade do ensino e a aprendizagem dos alunos. Na minha rede de ensino, fomos orientados a não assumirmos tarefas da área administrativa, mas no âmbito escolar a coisa é diferente. As pessoas nos vêem como um faz tudo e, muitas vezes, nos sentimos como um faz nada. O que planejamos fazer em um dia, só conseguimos realizar com uma semana e olhe lá. Isso nos faz sentir, muitas vezes, desmotivados para apoiarmos os professores nas mudanças necessárias ao contexto da sala de aula. É muito importante discutirmos questões relacionadas à atuação da Coordenação Pedagógica nas escolas a fim de que esse profissional seja reconhecido como elemento integrador do processo de ensino e aprendizagem e de que se deixe nítido o perfil deste profissional para que sejam redefinidas suas atribuições legalmente. Assim o profissional ganha identidade e todos ganham, principalmente os alunos. Parabéns à equipe da revista.


    Leia todos
     
    Publicado em NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR, Edição 014, Junho/Julho 2011, com o título Um profissional em busca de identidade

    Os diferentes desafios para o coordenador pedagógico em cada segmento


    Saiba quais são as demandas e as estratégias necessárias para atuar nas diversas etapas de ensino


    Em algumas escolas, um único coordenador pedagógico se responsabiliza por todos os segmentos atendidos. Em outras, há um para cada etapa. Qual é a vantagem de ter um profissional da coordenação dedicado apenas à primeira etapa do Fundamental ou ao Ensino Médio? ''As discussões correm sempre em um campo específico, há maior possibilidade de aprofundar determinados aspectos e aproveitar melhor as reuniões de formação'', responde Vera Maria Nigro de Souza Placco, coordenadora do programa de pós-graduação em Educação e Psicologia da Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e responsável pela pesquisa O Coordenador Pedagógico e a Formação de Professores: Intenções, Tensões e Contradições, uma iniciativa da Fundação Victor Civita (FVC). Ela, porém, também vê com bons olhos a atuação em mais de um segmento: ''O coordenador pedagógico tem mais facilidade para promover a integração dos docentes e do currículo de toda a escola. Quem fica em um ciclo precisa tomar cuidado para não perder a visão do todo.''
    Em qualquer caso, é essencial que o profissional conheça as especificidades do segmento - ou dos segmentos - em que atua para ajustar o foco da formação continuada dos professores. Confira os maiores desafios, as competências e os conhecimentos esperados do coordenador e as sugestões de estratégias de trabalho em cada etapa de ensino.

    Os 6 papéis equivocados do coordenador pedagógico

    Saiba quais são as atribuições que sobrecarregam o responsável pela formação dos professores e fazem com que ele deixe de realizar suas tarefas essenciais


    O fiscal
    Perfil fiscal. Ilustração: Orlando



    Perfil:

    Ele parece que está na escola só para verificar se tudo está nos conformes. A pesquisa O Coordenador Pedagógico e a Formação de Professores: Intenções, Tensões e Contradições, encomendada pela Fundação Victor Civita (FVC) à Fundação Carlos Chagas (FCC), revelou que 55% dos coordenadores conferem se as classes estão limpas e 72% inspecionam a entrada e saída de alunos todos os dias. Há casos em que o profissional assume a postura de inspetor até quando tenta ser formador. "Se fizer a observação de sala de aula e a análise da prática pedagógicas somente para pegar erros, estará desvirtuando o seu trabalho, que é ser o parceiro mais experiente do professor", afirma Laurinda Ramalho de Almeida, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

    Como evitar:

    Um funcionário administrativo pode conferir as condições das salas. A fim de dar mais segurança na entrada e saída de alunos, é preciso ter uma pessoa capacitada para a função. Esse desvio pode ser corrigido com uma conversa com o diretor para haver uma redistribuição de responsabilidades. Já para se livrar da personalidade fiscalizadora, é necessário um processo de conscientização - dele e do gestor - para que sua atuação seja no sentido de assegurar o bom desempenho docente. As secretarias de Educação implantam essa concepção na rede ao investir na capacitação dos gestores. "A formação tem grande peso na construção da identidade profissional, pois quem desenvolve as competências necessárias para o exercício de determinada função sabe bem o que fazer e ganha o respeito de todos", ressalta Vera Lucia Trevisan de Souza, professora da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).


    O secretário

    Perfil secretário. Ilustração: Orlando 












    Perfil:
    Conferir listas de chamadas e arquivá-las. Organizar os horários para o uso da biblioteca e dos laboratórios. Escrever as atas de todas as reuniões. Ele faz tudo isso e, não raro, preenche e confere documentos. A pesquisa constatou que 22% dos entrevistados colocam trabalhos administrativos na lista de atividades da coordenação pedagógica.

    Como evitar:

    Questões burocráticas são atribuições de funcionários da secretaria. É o diretor que pede tanta coisa a ele? É preciso então mudar essa mentalidade. Para Luzia Marino Orsolon, diretora do Colégio Assunção, em São Paulo, o gestor deve encarar o cotidiano de sua escola como uma responsabilidade coletiva. Assim, cada um faz sua parte para que ninguém fique sobrecarregado. "A rotina funciona bem quando há um trabalho colaborativo, com o envolvimento de todos." O que complica é a burocracia? Então, está na hora de repensar os processos. O problema é a falta de pessoal? Espera-se que o diretor reivindique reforços na Secretaria de Educação.


    O psicólogo

    Perfil psicólogo. Ilustração: Orlando 












    Perfil:

    Quase todo o foco de sua atenção está dirigido aos alunos indisciplinados. Se há brigas entre colegas de classe, rixa no recreio ou um garoto hostil com os colegas, ele tenta resolver. Um quarto dos entrevistados considera sua atribuição a resolução das questões de indisciplina, pois muitas vezes é o próprio diretor ou um professor quem encaminha as ocorrências para ele e pede intervenção. Ou são os pais que batem à sua porta em busca de ajuda.

    Como evitar:

    Nesse ponto, há uma ressalva. A indisciplina geralmente vem dos alunos que não estão aprendendo e não têm a devida atenção do professor nas suas necessidades de aprendizagem. Nesse caso, o coordenador deve, sim, intervir, pois é sua obrigação cuidar para que a dinâmica da sala de aula inclua a todos e que o professor possa atender à diversidade e ensinar. "É função do coordenador receber a família quando se trata de questões pedagógicas. Se for para resolver brigas do filho com colegas, não", observa Luzia Marino Orsolon, diretora do Colégio Assunção, em São Paulo. Há uma confusão entre o coordenador pedagógico e o orientador educacional, cuja função é fazer a ponte entre as demandas dos alunos e familiares com a escola. Quando há um na escola, fica fácil resolver esse equívoco. Porém essa figura raramente existe no organograma das redes. Quando não, uma ação de esclarecimento da equipe gestora com funcionários e professores dizendo o que deve ou não ser levado ao coordenador ajuda. Mas antes talvez seja necessário um processo de autoconvencimento de que esse não é mesmo seu papel. "Tem coisas que o coordenador faz porque se sente importante, fundamental na escola", alerta Vera.




    O síndico


    Perfil síndico. Ilustração: Orlando 













    Perfil :

    Sua maior preocupação é com o estado do prédio da escola, a quantidade de materiais de consumo e a carência de pessoal. Cerca de 35% dos consultados citaram a falta de conservação das instalações, de materiais didáticos e de pessoal, o número insuficiente de professores e funcionários e salas muito cheias como sendo problemas do seu cotidiano. A fase qualitativa do estudo demonstrou ainda que há coordenadores que até empreendem esforços pessoais para conseguir meios de suprir algumas necessidades mais urgentes e custear melhorias. "Para arrecadar dinheiro, fiz galinhada, gincana e bingo", contou um dos entrevistados.

    Como evitar:

    Cuidar de recursos e infraestrutura é atribuição do diretor e do vice. Conforme os problemas detectados, eles terão de negociar com a Secretaria de Educação reformas, consertos e reforço de pessoal. Se o coordenador pedagógico está se ocupando em demasia de questões do gênero, é sinal de que a equipe gestora precisa se reunir para rever a divisão de atribuições e o uso adequado de recursos. "Coordenador, diretor e vice precisam se juntar para fazer uma análise das demandas e resolver como supri-las. O eixo da conversa deve ser o papel de cada um a fim de definir as responsabilidades individuais e as ações coletivas", sugere Vera. Como necessidades novas e urgências surgem todo dia, ela acrecenta que reuniões esporádicas não resolvem. "Os encontros devem ser permanentes e frequentes, semanais ou quinzenais."


    O relações-públicas

    Perfil relações-públicas. Ilustração: Orlando 












    Perfil:

    Tem gincana, festa junina ou qualquer evento na escola? Ele corta bandeirolas e faz cartazes e convites: 18% dos entrevistados afirmaram que é tarefa da coordenação se envolver nesses tipos de atividades extracurriculares. Mais da metade dos coordenadores entrevistados (54%) diz que gostaria de ter mais tempo para visitar empresas a fim de firmar parcerias com a escola - tarefa que cabe ao diretor.

    Como evitar:

     O coordenador deve orientar a organização de eventos quando esses tiverem relação com os projetos didáticos desenvolvidos pelos professores. Mas veja bem: orientar não é executar. Ele não precisa bancar o relações-públicas ou o promoter. O envio do comunicado aos pais, o agendamento da visita ao museu e outras tarefas do gênero podem ficar nas mãos de funcionários da secretaria, sob o comando dos professores responsáveis pela ação. Se o coordenador tiver alguma ideia de parceria com empresas ou entidades do entorno, deve planejar o projeto junto com os professores, justificando a importância da ação para a ampliação dos conhecimentos dos alunos, e levá-lo ao diretor.



    O assistente social


    Perfil assistente social. Ilustração: Orlando 












    Perfil:

     De tão tocado com a situação precária da comunidade do entorno, ele envolve-se com os problemas de desemprego e alcoolismo das famílias dos alunos e se empenha em juntar alimentos não perecíveis para distribuir aos mais carentes. Quando sabe que há adolescentes metidos com drogas na vizinhança, mesmo que não estejam matriculados, tenta agir para que mudem de vida. Às vezes, busca ajuda de organizações não governamentais para iniciar algum projeto na escola e ajudar não só os estudantes mas também toda a garotada do pedaço. A pesquisa revelou que o grupo que considera ações sociais tarefas do coordenador é pequeno (4%), mas existe.

    Como evitar:

    Ações que abram a escola e promovam a interação com a família e a comunidade do entorno - como promover palestras temáticas de interesse geral - são vistas com bons olhos. No entanto, a militância social é iniciativa de outra ordem, que o coordenador pedagógico até pode ter, mas nunca deve ser exercida no horário de trabalho, no qual é sua obrigação se dedicar à formação de professores.


     Fonte:
    http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/6-papeis-equivocados-coordenador-pedagogico

    10 dúvidas sobre o relacionamento entre coordenador pedagógico e professor


    Destaques em Gestão Escolar

    chamada

     

    Quando o coordenador assume o posto, logo percebe que é difícil lidar com as pessoas, respeitar as diferentes opiniões e sugerir mudanças sem ser autoritário. Pedimos aos internautas que enviassem suas questões sobre a parceria de coordenadores e, para ajudar a resolvê-las, ouvimos consultores especialistas no assunto
    1- Como posso legitimar meu papel de formador junto aos professores? 

     Ilustração: Fabrícia BatistaAfinal, até há pouco tempo, eu estava em sala de aula como eles.
    Durante anos, você cuidou somente da sua sala de aula, tentando resolver os problemas de aprendizagem da turma e procurando a melhor maneira de ensinar. Mas aí surgiram um concurso, uma seleção interna da Secretaria de Educação para o cargo de coordenador pedagógico ou você foi convidado para liderar a equipe docente. Você, claro, aceitou o convite ou se inscreveu no processo de seleção.
    Em uma posição hierarquicamente superior, logo percebe como é complicado lidar com a equipe, aprender a ouvir para compreender os problemas, respeitar os pontos de vista diferentes nas reuniões, usar as diversas opiniões para chegar a um consenso, mediar conflitos sem ferir suscetibilidades, liderar sem ser arrogante e sugerir mudanças sem ser autoritário.

    A pesquisa O Coordenador Pedagógico e A Formação de Professores: Intenções, Tensões e Contradições mostra que dúvidas sobre como lidar com a equipe são comuns e 20% dos entrevistados apontam questões de gestão como um dos principais problemas enfrentados no dia a dia.

    No entanto, são os seus conhecimentos didáticos que vão fazer com que a equipe o aceite como o parceiro mais experiente, do qual vai receber orientações e no qual pode confiar. Para isso, é urgente ir atrás desses saberes e se preparar para o cargo. É possível requisitar formação específica junto à Secretaria de Educação e procurar leituras que ampliem o seu universo nas didáticas de todas as áreas do conhecimento.


    2- Como fazer para receber bem o professor novato e integrá-lo ao grupo? 

     Ilustração: Fabrícia BatistaAntes de mais nada, é preciso apresentá-lo aos futuros colegas, demais membros da equipe gestora e funcionários. Certamente, no início ele vai demandar mais atenção de você, por ser recém-formado, por ter mudado de segmento ou, ainda, por ter vindo de outra unidade e precisar de um tempo para se entrosar. Vale marcar uma reunião individual para falar sobre a instituição e apresentar o perfil dos alunos com os quais vai trabalhar. Nesse encontro, mostre o projeto político-pedagógico (PPP) e os planos de trabalho e deixe explícitas as metas da escola. Você pode sugerir ao novato que, logo na primeira semana, faça um diagnóstico da turma e utilize essas informações como apoio para elaborar o planejamento. Coloque-se à disposição para ajudá-lo nessa tarefa.
    Outra medida interessante, quando se tem um grupo heterogêneo de professores, é articular para que os mais experientes ajudem na adaptação dos recém-chegados por um tempo, como se fosse um tutor, para tirar as dúvidas pontuais.



    3- De que maneira posso ajudar o professor que tem dificuldade em comunicar um conteúdo? 


     Ilustração: Fabrícia BatistaEle deve se sentir inseguro com o conhecimento que tem sobre os conteúdos ou a didática. Para um bom desempenho, ele vai precisar, além de dominar a disciplina, entender o aluno e o modo como ele aprende. Os momentos de formação continuada individuais na escola são o espaço ideal para trabalhar dificuldades específicas e buscar recursos para ampliar o quadro de referências e as estratégias de ensino.
    Às vezes, porém, não é só um professor que tem de repensar a sua prática didática de forma a despertar o interesse da classe, mas todo o grupo. Aí vale levar o tema para os horários coletivos de formação.



    4- Como lidar com a resistência de alguns professores às mudanças propostas?


     Ilustração: Fabrícia BatistaPrimeiro, vamos procurar entender o outro lado: os professores se queixam de que se veem obrigados a aceitar rupturas metodológicas bruscas, tendo de deixar de lado tudo o que acreditam para adotar uma nova linha de trabalho. Você, por sua vez, sabe que é uma das peças-chave para a implantação das políticas públicas da rede, que costumam mudar à velocidade com que um novo secretário assume a pasta. Seja qual for a situação, nem sempre é fácil fazer com que um professor deixe de lado a maneira como sempre ensinou e aceite as mudanças imediatamente.
    Agora a sua parte: é fundamental não ter pressa. Implante, aos poucos, um processo de estudo permanente na escola, no qual se constroem coletivamente as respostas para os problemas que forem surgindo. Só assim as transformações farão sentido e não representarão uma mera imposição - ou mesmo ameaça - ao trabalho que já é realizado. ''Quando a equipe toda pensa e reflete em conjunto, é mais fácil assumir novos conhecimentos'', afirma Ecleide Cunico Furlanetto, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid).



    5 - Um professor vive encaminhando os alunos indisciplinados para mim. O que devo fazer?


     Ilustração: Fabrícia BatistaNa ausência de um orientador educacional na escola, é comum que o coordenador assuma essa função. Se é esse o seu caso, deixe claro ao docente que ele não pode simplesmente achar que não tem nada a ver com isso e que o papel dele é ajudar a identificar as causas dos comportamentos inadequados e como lidar com eles. ''Se o problema persistir, vale organizar uma reunião com as equipes gestora e docente para que, juntas, pensem na melhor forma de solucionar a questão'', afirma Sofia Lerche Vieira, da Universidade Estadual do Ceará (UEC).






    6- Como fazer para integrar um professor que não tem um bom relacionamento com os colegas?


     Ilustração: Fabrícia BatistaCada escola tem uma cultura, com regras que devem ser seguidas por todos, mas que nem sempre são suficientemente divulgadas. Se o grupo é coeso e se conhece há bastante tempo, será mais exigente para aceitar alguém, principalmente quando ele tem atitudes e comportamentos diferentes dos demais. Pode ocorrer ainda de os conflitos serem fruto da insegurança de um educador. O principal é que o coordenador desenvolva rapidamente uma relação de confiança entre os docentes para que todos se sintam à vontade para partilhar suas experiências e dúvidas.





    7- O que fazer para evitar a alta rotatividade dos professores?


     Ilustração: Fabrícia BatistaVários são os motivos para um docente mudar de escola: o salário, a localização, os recursos disponíveis, o perfil da instituição etc. Essa movimentação - quando excessiva - causa mesmo desânimo nos coordenadores, que ficam com a sensação de começar do zero sempre. ''Até que a coordenação consiga se aproximar e estabelecer uma relação de confiança, muitos professores já se foram'', comenta Ecleide. Tornar a escola um espaço acolhedor e favorável à aprendizagem é uma boa maneira de atrair e fidelizar o educador. Se ele vê que a equipe gestora é engajada e que ali existe um projeto diferenciado, sentirá mais segurança e interesse em permanecer.




    8- O que fazer com os docentes que faltam muito? 


     Ilustração: Fabrícia BatistaÉ importante conhecer os motivos das faltas. Para isso, só há um jeito: conversar com o professor. Se ele estiver com problemas de saúde, aconselhe-o a procurar o atendimento médico. Mesmo assim, é bom ficar atento para detectar se as condições de ensino não têm relação com o mal-estar ou com a desmotivação.
    Se a causa não for facilmente perceptível, vale lembrar o professor sobre a importância dele na sala de aula e o problema que causa quando não comparece à escola, pois mexe com toda a organização e a rotina. Além do mais, é bom recordá-lo de que, se ele não tem assiduidade, não chega no horário e não cumpre com suas obrigações, não poderá cobrar isso dos alunos. É, aliás, um momento oportuno para discutir com a equipe os direitos e deveres de cada um.



    9- Gostaria de acompanhar o trabalho em sala de aula para ser um bom formador, mas não quero parecer um fiscal. Como agir? 

     Ilustração: Fabrícia Batista 
    É fundamental ter consciência de que você é o parceiro mais experiente e tem o dever de intervir quando necessário. Isso o faz corresponsável pelo trabalho do professor - que, por sua vez, precisa saber que você está ali para contribuir com o trabalho dele. Assim, fica mais fácil compreender que a sua intervenção é sempre para ajudar - e não para fiscalizar. "O compromisso de todos tem de ser com os alunos, que precisam aprender", diz Ecleide Furlanetto.O principal é que o coordenador tenha clareza de sua obrigação com a escola, com o projeto político-pedagógico e com a aprendizagem, não se deixando se intimidar por cara feia ou resistência da equipe.



    10- O que fazer com os docentes que só reclamam do trabalho?

     Ilustração: Fabrícia BatistaSinais de carência, como queixas e desabafos constantes, revelam, muitas vezes, a falta de confiança no trabalho realizado. ''A expectativa de que o coordenador sirva como um ombro amigo, seja compreensivo e ajude a resolver todos problemas pode ser um indicador de que o docente está se sentindo sozinho'', diz Laurinda Ramalho de Almeida, vice-coordenadora e professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Educação, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Num primeiro momento, o melhor é se mostrar acolhedor e ouvir o que o outro tem a dizer.
    Ao mesmo tempo, é importante fazer o acompanhamento do trabalho em sala de aula, sugerindo que o docente localize o que o deixa inseguro, se tem a ver com o conhecimento sobre conteúdo, com o planejamento - ou a falta dele - da aula ou se são dificuldades de relacionamento com os alunos, os pais ou mesmo os colegas.
    Outra medida válida é promover a troca de experiências entre os colegas para mostrar que todos enfrentam dificuldades, criando, assim, uma relação de proximidade. Também é preciso levar em conta que talvez a formação não esteja atendendo às necessidades da equipe. É hora então de rever o seu trabalho e até pedir ajuda a supervisores da Secretaria.


    Verônica Fraidenraich (veronica.fraidenraich@abril.com.br)

       Fonte:
      http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/10-duvidas-relacionamento-coordenador-pedagogico-professor-634882.shtml

      Avaliar para ensinar melhor

      Da análise diária dos alunos surgem maneiras de fazer com que todos aprendam

       

      Denise Pellegrini (dpellegrini@abril.com.br)

      Observação atenta e constante: bases para uma avaliação que privilegia a aprendizagem e leva em conta o ritmo de cada estudante. Foto: Gilvan Barreto
      Observação atenta e constante: bases para uma avaliação
      que privilegia a aprendizagem e leva em conta o ritmo
      de cada estudante. 
       
      Foto: Gilvan Barreto


      Quem procura um médico está em busca de pelo menos duas coisas, um diagnóstico e um remédio para seus males. Imagine sair do consultório segurando nas mãos, em vez da receita, um boletim. Estado geral de saúde nota 6, e ponto final. Doente nenhum se contentaria com isso. E os alunos que recebem apenas uma nota no final de um bimestre, será que não se sentem igualmente insatisfeitos? Se a escola existe para ensinar, de que vale uma avaliação que só confirma "a doença", sem identificá-la ou mostrar sua cura?

      Assim como o médico, que ouve o relato de sintomas, examina o doente e analisa radiografias, você também tem à disposição diversos recursos que podem ajudar a diagnosticar problemas de sua turma. É preciso, no entanto, prescrever o remédio. "A avaliação escolar, hoje, só faz sentido se tiver o intuito de buscar caminhos para a melhor aprendizagem", afirma a consultora Jussara Hoffmann.

      Ênfase no aprender
      Não é de hoje que existe esse modelo de avaliação formativa. A diferença é que ele é visto como o melhor caminho para garantir a evolução de todos os alunos, uma espécie de passo à frente em relação à avaliação conhecida como somativa.

      Para muitos professores, antes valia o ensinar. Hoje a ênfase está no aprender. Isso significa uma mudança em quase todos os níveis educacionais: currículo, gestão escolar, organização da sala de aula, tipos de atividade e, claro, o próprio jeito de avaliar a turma.

      O professor deixa de ser aquele que passa as informações para virar quem, numa parceria com crianças e adolescentes, prepara todos para que elaborem seu conhecimento. Em vez de despejar conteúdos em frente à classe, ele agora pauta seu trabalho no jeito de fazer a garotada desenvolver formas de aplicar esse conhecimento no dia-a-dia.

      Na prática, um exemplo de mudança é o seguinte: a média bimestral é enriquecida com os pareceres. Em lugar de apenas provas, o professor utiliza a observação diária e multidimensional e instrumentos variados, escolhidos de acordo com cada objetivo.

      A avaliação formativa não tem como pressuposto a punição ou premiação. Ela prevê que os estudantes possuem ritmos e processos de aprendizagem diferentes. Por isso, o professor diversifica as formas de agrupamento da turma.

      Conhecer o aluno
      A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aprovada em 1996, determina que a avaliação seja contínua e cumulativa e que os aspectos qualitativos prevaleçam sobre os quantitativos. Da mesma forma, os resultados obtidos pelos estudantes ao longo do ano escolar devem ser mais valorizados que a nota da prova final.

      "Essa nova forma de avaliar põe em questão não apenas um projeto educacional, mas uma mudança social", afirma Sandra Maria Zákia Lian Sousa, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. "A mudança não é apenas técnica, mas também política." Tudo porque a avaliação formativa serve a um projeto de sociedade pautado pela cooperação e pela inclusão, em lugar da competição e da exclusão. Uma sociedade em que todos tenham o direito de aprender.

      Para que a avaliação sirva à aprendizagem é essencial conhecer cada aluno e suas necessidades. Assim o professor poderá pensar em caminhos para que todos alcancem os objetivos. O importante, diz Janssen Felipe da Silva, pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco, não é identificar problemas de aprendizagem, mas necessidades.
      Teoria
      Quando a LDB estabelece que a avaliação deve ser contínua e priorizar a qualidade e o processo de aprendizagem (o desempenho do aluno ao longo de todo o ano e não apenas numa prova ou num trabalho), usa outras palavras para expressar o que o jargão pedagógico convencionou chamar de avaliação formativa. O primeiro a usar essa expressão foi o americano Michael Scriven, em seu livro Medotologia da Avaliação, publicado em 1967. Segundo ele, só com observação sistemática o educador consegue aprimorar as atividades de classe e garantir que todos aprendam.

      Muitos vêem a avaliação formativa como uma "oposição" à avaliação tradicional, também conhecida como somativa ou classificatória. Esta se caracteriza por ser realizada geralmente ao final de um programa, com o único objetivo de definir uma nota ou estabelecer um conceito - ou seja, dizer se os estudantes aprenderam ou não e ordená-los. Na verdade as duas não são opostas mas servem para diferentes fins. A avaliação somativa é o melhor jeito de listar os alunos pela quantidade de conhecimentos que eles dominam - como no caso do vestibular ou de outros concursos. A formativa é muito mais adequada ao dia-a-dia da sala de aula.
      O aluno como parceiro
      Se seu objetivo é fazer com que todos aprendam, uma das primeiras providências é sempre informar o que vai ser visto em aula e o porquê de estudar aquilo. Isso é parte do famoso contrato pedagógico ou didático, aquele acordo que deve ser estabelecido logo no início das aulas entre estudantes e professor com normas de conduta na sala de aula.

      A criança deve saber sempre onde está e o que fazer para avançar. Assim, fica mais fácil se envolver na aprendizagem. E dá para fazer isso até na pré-escola, desde que a maneira de dizer seja adequada à idade e ao nível de desenvolvimento da turma.

      Quando o educador discute com os estudantes os objetivos de uma atividade ou unidade de ensino, dá meios para que eles acompanhem o próprio desenvolvimento.

      E isso pode ser feito por meio da auto-avaliação (leia o texto ao lado). "Se o professor quer que os alunos se avaliem, deve explicitar por que e para que fazer isso. Ele precisa perceber como essa prática ajuda a direcionar todo o processo de aprendizagem", diz Janssen Felipe da Silva.

      As conclusões da auto-avaliação podem servir tanto para suscitar ações individuais como para redefinir os rumos de um projeto para a classe como um todo. Esse processo pode ir além da análise do domínio de conteúdos e conceitos e mostrar como está a relação entre os colegas e com o professor.

      A melhor maneira de pô-la em prática, na opinião de Janssen, é dizer à turma em que aspecto cada um deve se auto-avaliar. Uma lista de pontos trabalhados em sala pode ser apresentada aos alunos para que eles digam como se desenvolveram em relação a cada item.

      Durante o processo de auto-avaliação, é importante que todos possam expor sua análise, discutir com o professor e os colegas, relatar suas dificuldades e aquilo que não aprenderam. "Nada garante que o olhar de uma criança vá ser igual ao do colega ou do professor", explica Sandra Maria Zákia Lian Sousa.

      Além de ser mais um instrumento para melhorar o trabalho docente, a auto-avaliação é uma maneira de promover a autonomia de crianças e dos adolescentes. Para que isso realmente aconteça, o processo necessita ser democrático. "O aluno deve dizer sem medo de ser punido o que sabe e o que não sabe. Se ele percebe que não há punição nem exclusão, mas um processo de melhoria, vai pedir para se avaliar", garante Janssen.
      Um alerta 
      O professor que se atém ao comportamento do estudante e o rotula acaba tendo uma atitude prejudicial. O agressivo e conversador sempre tende a ser visto dessa maneira. Assim como o atencioso e comportado. Por isso, não classifique seus alunos como se eles fossem sempre do mesmo jeito, com hábitos imutáveis - e, o mais importante, incapazes de se transformar. O ideal é tentar entender por que se comportam de determinada forma diante de uma situação. Rotular não leva a nada.
      Maria de Lourdes: envolvendo os alunos na própria avaliação
      No Colégio Cenecista José Elias Moreira, em Joinville, interior de Santa Catarina, a avaliação vai além de provas, trabalhos e outras atividades formais. Em dois aspectos, pelo menos, a análise do professor se completa: na observação multidimensional e na auto-avaliação dos alunos.

      Maria de Lourdes Montemor Picheth, que leciona Língua Portuguesa para a 4ª série, atua assim há quatro anos. Ela começa com um diagnóstico das capacidades de escrita e de comunicação dos alunos. Depois dá um retorno a cada um. "Mostro no que deve melhorar a produção, que aspectos vamos trabalhar", explica. A seguir, os principais passos do trabalho.
      Fotos: Suzete Sandin
      Fotos: Suzete Sandin
      1. Maria de Lourdes acredita na importância de sempre manter os alunos informados sobre o que será desenvolvido em aula e o que espera deles. Diariamente ela coloca a agenda no quadro, relatando conteúdos a serem trabalhados, atividades e objetivos da aula. "Dessa maneira, eles reconhecem progressos e dificuldades", explica.

      Fotos: Suzete Sandin
      2. As auto-avaliações são de dois tipos: orais e escritas. As orais são feitas quinzenalmente. Em grupo, as crianças verificam no caderno o que foi trabalhado e se realmente aprenderam aquilo. "Eles são muito sinceros e dizem se não estão bem firmes no assunto, se têm dúvidas ou se não se lembram", descreve a professora. Já a escrita acontece no final do trimestre e diz respeito a todas as disciplinas. A aluna Laís Boaventura, por exemplo, admitiu que não gostava de falar e se sentia insegura. Trabalhadas as dificuldades, a situação mudou: "Hoje sinto que sou capaz de realizar atividades que pareciam muito difíceis".

      Terminada a aula, Maria de Lourdes compara a auto-avaliação das crianças com seus registros. "Se a diferença for gritante, posso não estar olhando para a criança como deveria", reflete. As questões que, na opinião da turma, não foram aprendidas são retomadas em atividades diferenciadas. Os que já atingiram determinado objetivo também participam com interesse.
      Fotos: Suzete Sandin
      3. Para Maria de Lourdes, conhecer o aluno em outros aspectos que não apenas os relacionados aos objetivos alcançados é essencial. Por isso ela procura sempre ouvi-los. A professora conta ainda com a possibilidade de consultar o histórico do estudante, mantido pela escola. Lá estão os relatórios dos anos anteriores.

      Fotos: Suzete Sandin
      4. Quem apresenta comportamento diferenciado passa por entrevista com a orientadora Sílvia do Valle Nogueira. Depois os pais são ouvidos. Um dos alunos, Vanderson dos Santos, chegou ao Elias Moreira na 4ª série, mas com sérios problemas de alfabetização. Nas entrevistas, surgiu a informação de que o garoto havia passado por várias escolas e não tinha nenhum professor como referência. "Conhecendo a história dele, pude perceber não o que ele não sabia, mas o que não tinha tido oportunidade de conhecer", comenta Maria de Lourdes.

      Com base nessas informações, a professora organizou um programa para Vanderson, que também foi encaminhado ao apoio pedagógico e teve aulas extras, fora do horário regular. "Ele cresceu dois anos em um e passou normalmente para a 5ª série", comemora Maria de Lourdes. "Se tivesse avaliado apenas sua capacidade de leitura, escrita e oralidade, constataria que ele não estava alfabetizado e que deveria ser reprovado."
      Trocando em miúdos
      No trabalho de Maria de Lourdes, a avaliação visa à melhoria da aprendizagem porque...

      . a professora compartilha os objetivos do trabalho com a turma;

      . os alunos avaliam a si próprios e aos colegas, analisam os próprios progressos, sentem-se motivados a avançar e vêem limitações como algo a ser superado, não punido;

      . a professora observa o aluno sob vários aspectos — temperamento, expectativas, experiências de vida — , identificando necessidades e não "problemas" de aprendizagem;

      . os alunos sentem-se incluídos no grupo, têm diminuído seu sentimento de frustração por não acompanhar as atividades e passam a participar mais das aulas.
       "É difícil mudar, mas compensa"
      Se você acha que é difícil mudar a maneira de avaliar, veja como a consultora Jussara Hoffmann responde às principais dúvidas dos professores.

      É possível alterar o paradigma da avaliação diante das exigências burocráticas do sistema? Não é melhor começar por alterá-las?
      As exigências maiores do sistema são justamente uma avaliação contínua, o privilégio aos aspectos qualitativos e aos regimes não seriados. É isso o que diz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. No entanto, não são os estatutos que levam o professor a tomar consciência do significado de qualquer mudança.

      O professor não acaba responsabilizado pelo fracasso de alunos desinteressados e desatentos?
      O professor não deve ser responsável pelos alunos, mas comprometido com a aprendizagem. Isso ele só faz se estiver atento nas respostas, nas dificuldades e nos interesses de cada um, não se baseando na média do grupo.

      Como é possível alterar a prática considerando a existência de classes numerosas e o reduzido tempo do educador com as turmas?
      Por meio de experiências educativas em que os alunos interajam. Isso inclui sistemas de monitorias, trabalhos em duplas ou em grupos diversificados. Durante as atividades coletivas, ele circula, insiste na participação de um e de outro. Se a experiência interativa for significativa, o reflexo será percebido nas atividades individuais. O que ele não pode é querer dar uma aula particular a cada um dos 40 alunos.

      Um professor desenvolveu um conteúdo e 70% dos alunos aprenderam. Se continuar trabalhando com os 30% restantes ele vai atrasar a maioria? Não! Se o professor organizar uma atividade suficientemente rica e desafiadora, os 70% estarão sempre evoluindo e ampliando conhecimentos, enquanto os demais poderão construir o entendimento.

      Em que medida é possível formar alunos competentes sem uma prática avaliativa exigente e classificatória, isto é, competitiva?
      O modelo que vem pautando a escola é o do vestibular, que exacerba a competitividade entre os alunos. Esse modelo só favorece dois ou três numa sala de aula, porque todos os outros são "menos" que esses. A formação de um profissional competente está atrelada à autonomia moral, ao desenvolvimento intelectual, a uma auto-estima elevada. E a competição na escola não favorece isso.

      Dá certo substituir as notas por relatórios ou pareceres?
      Respondo com outra pergunta. Dá certo relatar a aprendizagem de um aluno por meio de números? Eles são subjetivos e genéricos e não refletem com precisão muitas situações de aprendizagem que ficam claras em pareceres (leia o texto ao lado). Considero a avaliação o acompanhamento do processo de construção de conhecimento. E as médias não permitem isso.
      Roberta: relatos da avaliação na forma de pareceres
      Nada de notas. Desde o ano passado, a professora Roberta Rodrigues, da Escola Municipal dos Coelhos, no Recife, relata as avaliações em forma de pareceres. A medida é parte da mudança na proposta pedagógica implantada na rede que instituiu os ciclos. Agora, em vez de calcular médias, ela redige relatórios sobre cada aluno do 2º ano do 2º ciclo.

      "Eu já não me prendia só às provas e às notas. Me guiava pelo que o aluno apresentava em sala de aula", lembra-se. Só que antes ela atribuía notas de 0 a 10. "Agora sei que o 8 do João não era igual ao 8 da Maria. Eles eram diferentes, embora tivessem a mesma nota." Roberta está animada com a nova maneira de trabalhar, apesar de ter mais tarefas. "É preciso registrar tudo o que acontece com as crianças, mas é compensador." Assim ela consegue resgatar o aluno que estava no cantinho da sala e que, no sistema seriado, seria reprovado. "É muito melhor ensinar a ler, a resolver problemas, a ter uma visão crítica de mundo do que dar uma nota que só serve para aprovar ou reprovar." Confira a seguir os principais passos do trabalho de Roberta.

      1. Na sala de aula, as carteiras ficam na maior parte do tempo em "U", para que a professora esteja próxima de todos. Além da observação, ela utiliza instrumentos de avaliação diversificados. Cada um deles se adapta ao conteúdo estudado ou a seu objetivo no momento. Nos debates e nas intervenções das crianças durante as aulas, Roberta fica atenta na expressão oral. Nos exercícios escritos, na coerência e coesão dos textos ou no raciocínio em Matemática, por exemplo. Nos trabalhos em grupo, na solidariedade.

      2. Roberta corrige em classe as atividades de cinco crianças, em média, por dia. Estabelecendo um rodízio, por sorteio, avalia todos com o mesmo objetivo, porém em atividades diferentes. Na hora da correção, vai perguntando os caminhos que cada um utilizou e pensa nas estratégias para fazê-los evoluir. Tudo é anotado.

      3. Após as aulas, Roberta reorganiza as conclusões dessas conversas num caderno de apoio. Também coloca ali os pontos observados no decorrer da aula e que foram anotados precariamente numa tabelinha. Os registros oficiais são feitos na caderneta da escola, em que não há lugar para notas, mas para os conteúdos trabalhados, as competências desenvolvidas e as estratégias utilizadas. Os relatórios são construídos durante todo o ano e servem de base para o planejamento diário. As dificuldades percebidas são trabalhadas, por exemplo, em monitorias e atividades em grupo. As crianças mais adiantadas auxiliam os colegas que ainda não compreenderam determinados conteúdos. Para os próximos professores esses registros serão valiosos. "Eles saberão exatamente com quem vão trabalhar", resume Roberta.
      Trocando em miúdos
      No trabalho de Roberta, a avaliação visa à melhoria da aprendizagem porque...
      . a professora usa a avaliação para investigar como os alunos estão aprendendo e o que deve ser feito para melhorar;

      . os alunos percebem que a avaliação tem como objetivo fazer todos aprenderem e vêem o trabalho em sala ganhar sentido;

      . a professora observa os estudantes individualmente, procurando sanar as dificuldades específicas de cada um;

      . os alunos têm a oportunidade de desenvolver atividades que objetivam resolver suas dúvidas e progredir.
      Instrumentos diversificados
      Na avaliação formativa nenhum instrumento pode ser descrito como prioritário ou adotado como modelo. A diversidade é que vai possibilitar ao professor obter mais e melhores informações sobre o trabalho em classe (leia o texto ao lado). "A avaliação precisa ser processual, contínua e sistematizada", diz Janssen Felipe da Silva. Nada pode ser aleatório, nem mesmo a observação constante. Ela só será formativa para o aluno se ele for comunicado dos resultados.

      Janssen explica ainda que os instrumentos utilizados devem ter coerência com a prática diária. "Não é possível ser construtivista na hora de ensinar e tradicional na hora de avaliar", explica. Outro ponto a ser lembrado por todo professor: cada conteúdo ou matéria exige uma forma diferente de ensinar e também de avaliar. "Não posso fazer uma prova e perguntar: você é solidário?", exemplifica. "É preciso criar uma situação em que seja possível verificar isso."

      Os instrumentos devem contemplar também as diferentes características dos estudantes. "Quem avalia sempre por meio de seminários prejudica aquele que tem dificuldades para se expressar oralmente", exemplifica. A viabilidade é outro ponto essencial. Ao planejar um questionário, deve-se evitar textos ambíguos e observar o tempo que será necessário para respondê-lo adequadamente.

      Qualquer que seja o instrumento que adote, o professor deve ter claro se ele é relevante para compreender o processo de aprendizagem da turma e mostrar caminhos para uma intervenção visando sua melhoria.

      Rodrigo: diferentes maneiras de avaliar
      Várias estratégias de ensino, várias formas de avaliar. Nisso se baseiam as aulas de História para a 8ª série do professor Rodrigo Perla Martins, do Colégio Monteiro Lobato, em Porto Alegre. Aplicando uma série de tarefas avaliativas, ele consegue analisar formas de expressão do aluno, como ler e interpretar, redigir, desenhar, buscar informações. Os instrumentos são aplicados de acordo com o tema trabalhado e todas as impressões viram relatório.

      O objetivo é sempre o mesmo: fazer Rodrigo descobrir como levar a turma a avançar mais.
      1. Um dos temas trabalhados no ano passado foi navegações. Numa das avaliações, Rodrigo pediu uma produção visual, um desenho ou uma história em quadrinhos em que os alunos tinham de descrever o encontro entre nativos e portugueses na chegada destes ao Brasil, em 1500. "A maneira como os dois povos se relacionaram, o cenário, as roupas, os hábitos e a língua deveriam estar presentes na cena", diz Rodrigo.

      2. Em seguida Rodrigo trabalhou os reflexos no Brasil de hoje da chegada dos colonizadores. É constante em seu planejamento a ponte entre fatos históricos e a atualidade. Depois de ler reportagens de jornais, a turma escreveu textos sobre os reflexos da colonização portuguesa na vida dos nativos hoje e sobre a relação entre as capitanias hereditárias e o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra. Em exercícios como esse, ele pode analisar se os estudantes conseguem estabelecer relações, se os argumentos têm coerência, se os dados citados são precisos e se saem do senso comum.

      3. Uma das estratégias de ensino de Rodrigo são os seminários, leituras de textos acompanhadas por ele. Um desses textos foi a carta de Pero Vaz de Caminha. "Surgem perguntas e idéias ótimas durante a discussão", revela Rodrigo. A estratégia é perfeita para que ele analise as dúvidas e o raciocínio que o aluno está fazendo. Para finalizar, pediu uma nova produção de texto, desta vez uma carta aos portugueses. O objetivo, contar as impressões de quem pusesse os pés pela primeira vez no Brasil hoje.

      Conceitos não assimilados ou objetivos não atingidos são sempre revistos. E isso pode ocorrer em atividades interdisciplinares. Com a professora de Arte, Rodrigo retomou os aspectos culturais do encontro entre portugueses e índios. Os alunos capturaram imagens na internet e reconstruíram a cena.

      4. As dificuldades mais sérias são trabalhadas em atividades complementares, realizadas num horário extra. "Pode ser uma pesquisa dirigida na biblioteca, seguida de uma nova produção de texto", cita. Nessa pesquisa, o professor analisa se o estudante consegue construir um conceito com as próprias palavras, em vez de apenas copiar, ou expressar um ponto de vista próprio. Apesar de não existir uma só verdade histórica, é possível avaliar se as idéias são mais ou menos coerentes com as fontes consultadas.

      A cada etapa do processo avaliativo o professor elege alguns aspectos e objetivos a analisar. "Sistematizando essas etapas, ao final do tema navegações eu tinha uma visão geral de cada um ao longo de todo o processo", finaliza Rodrigo.
      Trocando em miúdos
      No trabalho de Rodrigo, a avaliação visa à melhoria da aprendizagem porque...

      o professor não tem a preocupação de classificar melhores e piores, mas de fazer com que todos aprendam. Para isso, diversifica o planejamento;

      os alunos são respeitados em sua individualidade e podem observar seus progressos em relação a si próprios, dentro do ritmo de aprendizagem de cada um.
      Quer saber mais?
      Colégio Cenecista José Elias Moreira, R. Coronel Francisco Gomes, 1290, 89202-250, Joinville, SC, tel. (47) 431-0900

      Colégio Monteiro Lobato, R. 14 de julho, 687, 91340-430, Porto Alegre, RS, tel. (51) 3328-3640

      Escola Municipal dos Coelhos, R. dos Coelhos, 591, 50070-550, Recife, PE, tel. (81) 3222-9877

      BIBLIOGRAFIA
      Avaliação: Da Excelência à Regulação das Aprendizagens entre Duas Lógicas, Philippe Perrenoud, 183 págs., Ed. Artmed, tel. (0_ _51) 330-3444, 32 reais

      Avaliação Educacional, Heraldo Marelim Vianna, 193 págs., Ed. Ibrasa, tel. (11) 3107-4100, 30 reais

      Avaliação Desmistificada, Charles Hadji, 136 págs., Ed. Artmed, 29 reais

      Avaliação Mediadora, Jussara Hoffmann, 197 págs., Ed. Mediação, tel. (51) 3311-7177, 26 reais

      Avaliação: Mito & Desafio, Jussara Hoffmann, 118 págs., Ed. Mediação, 24 reais

      Avaliar para Promover, Jussara Hoffmann, 217 págs., Ed. Mediação, 28 reais

      Erro e Fracasso na Escola, Julio Groppa Aquino, 153 págs., Ed. Summus, tel. (11) 872-3322, 24 reais

       

      quarta-feira, 20 de julho de 2011

      Feliz Dia do Amigo - Uma mensagem de reflexão

       

       

      A força da amizade


      Se temos defeitos... não nos importamos...
      Trocamos segredos...
      e respeitamos as divergências...
      Nas horas incertas, sempre chegamos no momento certo...
      Amigos sem cor... sem sexo... sem idade...Amigo é só amigo...
      Nos amparamos...nos defendemos...
      sem pedir...
      fazemos porque nos sentimos
      felizes em fazer...

      Nos reverenciamos... adoramos... idolatramos... apreciamos... admiramos.
      Nos mostramos amigos de verdade,
      quando dizemos o que temos a dizer...

      Nos aceitamos , sem querer mudanças...
      Estamos sempre presente,
      não só nos momentos de
      alegria,
      compartilhando prazeres,
      mas principalmente nos momentos mais difíceis...

      Não tiramos a liberdade...
      não sufocamos... não forçamos nossa presença...
      Estamos perto quando de nós necessitam...
      e ao nos afastarmos ,
      respeitamos sempre a individualidade alheia.

      A amizade não se força...
      Mas tem uma força
      que se intensifica a cada instante...
      É dessa maneira que sou teu (tua) amigo (a )!!!

      Dia do Amigo – “Há Amigos Mais Chegados Que Irmãos”.


      16_amigos_abraco1Amigo! Uma palavra com apenas cinco letrinhas, mas que expressam um grande sentimento quando relacionada a pessoas que amamos. Amigo é aquela pessoa que nos compreende, aquela que nos dá força nos momentos mais difíceis que enfrentamos, sempre disposta a estender a mão para nos ajudar, mesmo que seja apenas com simples palavras, seja elas de conforto ou até mesmo para chamar atenção, mas que são de grande valia para o momento enfrentado. Não é apenas companheiro(a) de baladas, quando tudo está bem, está muito além disso, é muito mais que um irmão(ã). É como a Bíblia diz em provérbios “há amigos mais chegados que um irmão”.

      Dia do Amigo – “Há Amigos Mais Chegados Que Irmãos”.

      E mais, amizade está além de proximidades geográficas. Pode estar anos sem ver, mas a amizade é fortalecida a cada reencontro, a cada conversa por telefone, MSN, Orkut, enfim. Sempre celebrada com muita intensidade.
      Amizade de infância, amigos a mais de 10, 15, 20, 30….anos, como é bom ter amigos assim. Até pelo olhar já se compreende o que o outro quer, mas também tem aquelas amizades feitas com pouquíssimo tempo, parecendo que se conhecem há anos. E nada melhor para comemorar uma amizade de longa ou pouca data com o dia do amigo. Saber reconhecer, presentear a um amigo e expressar o sentimento carinhoso, atencioso que sentimos a quem amamos e consideramos tanto é de fundamental importância. Seja com presentes, mensagens pelo Orkut, MSN, SMS, enfim, são inúmeras formas que podemos expressar o quanto a nosso amigo(a) é importante para nós.


      quanto-vale-uma-amizade
      O dia do amigo foi criado no dia 20 de Julho de 1969, pelo argentino Enrique Ernesto Febrraro. Sendo inspirada com a chegada do homem a lua. Mas o que tem a ver o homem pisar na lua com amizades? Enrique associou ao fato que amizades podem ser feitas a qualquer lugar do planeta, até mesmo na lua. Espalhando-se um lema por muito tempo “Meu amigo é meu mestre, meu discípulo e meu companheiro”.
      Então, há 40 anos atrás Enrique já estava certo. Independentemente de posição social, cor, religião e distância, amigos são para sempre. É um bem precioso que devemos cuidar todos os dias. Sempre comparo a amizade com uma plantinha, que devemos cuidá-la todos os dias para ficar florida, cheia de vida e que quando as possíveis “tempestades” vierem pelo caminho não sejam capazes de destruí-la.
      Deixo um pequeno texto que uma grande amiga me enviou.
      Porque υm dιa…
      Noѕѕoѕ filhoѕ νerão aquelaѕ fotoѕ e vão perguntar:
      - Mãe quem ѕão eѕѕas peѕѕoas?E responderemos:
      - Foi uma das MINHAS MELHORES AMIGAS/IRMÃS do coração e foi com elaѕ que eu νiνi oѕ melhores anos da minha vida!
      amizade

      Aluno de universidade pública poderá prestar serviço obrigatório


      Da Agência Câmara Tramita na Câmara o Projeto de Lei 326/11, do deputado Rubens Bueno (PPS-PR), que obriga o recém-graduado das instituições públicas de educação superior mantidas pela União a prestar serviço social profissional pelo prazo de pelo menos seis meses, sem remuneração salarial.
      Pelo projeto, o serviço social será prestado de acordo com a natureza da formação acadêmica, com o objetivo de colocar à disposição da sociedade a preparação profissional do recém-graduado. Ele será requisito prévio para obter o título ou grau acadêmico, sem substituir o estágio profissional obrigatório.

      Contrapartida

      Para Rubens Bueno, o projeto representa uma alternativa à ideia de cobrar mensalidades dos alunos de graduação do ensino público. “É justo que os estudantes beneficiários da privilegiada experiência de estudar gratuitamente nas melhores instituições de educação superior ofereçam à sociedade, também de forma gratuita, os seus serviços profissionais, pelo menos durante o curto período de seis meses”, argumenta.
      Segundo o Ministério da Educação (MEC), em 2007 o custo anual de cada aluno de universidade federal foi R$ 15.118,04. A meta do ministério é reduzir o valor para R$ 9.403,39 até 2012, com os esforços do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que está ampliando o número de matrículas ofertadas.

      Desigualdade

      A educação, diz o deputado, é uma estratégia privilegiada de redução das diferenças sociais. “O projeto objetiva determinar que, na formação em nível superior dos cidadãos brasileiros, seja assegurada a experiência indispensável de lidar com as questões mais importantes relativas à desigualdade social e à promoção de sua erradicação, mediante ações efetivas de desenvolvimento das comunidades carentes”, explica.
      Além do caráter de justiça social e incentivo ao espírito de solidariedade, prossegue Rubens Bueno, não haverá qualquer prejuízo para o profissional recém-formado, que receberá ajuda financeira e terá sua atividade validada e incorporada ao tempo de serviço, para fins de aposentadoria.
      O serviço social profissional obrigatório, sustenta o deputado, é uma compensação pelo privilégio do ensino gratuito, ao mesmo tempo em que abre aos brasileiros carentes o acesso efetivo aos diversos serviços de competência do poder público.

      domingo, 17 de julho de 2011

      Universidades Públicas aprovam mais que as privadas.

       

      Públicas aprovam mais

       

       

      No Rio, Uerj tem o curso de Direito com maior índice de aprovação no Exame da OAB

       

          Os alunos de Direito de faculdades públicas tiveram melhor desempenho no último Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do que os estudantes das instituições privadas. Das 20 faculdades que mais aprovaram em termos proporcionais (mais de 50%), 19 são públicas.

      >>> LEIA TAMBÉM: Três universidades do Rio não tiveram nenhum aprovado no exame da OAB


      A Universidade de Brasília (UnB) é a campeã, com índice de 67,4% de sucesso — de 43 bacharéis, 29 receberam a carteira da Ordem. A única particular, a Faculdade Baiana de Direito e Gestão, está no 20º lugar.
      >>> Clique aqui para ver a lista completa


      A Uerj ficou no 13º lugar na lista global, mas lidera o ranking de 37 instituições do estado com alunos que se candidataram ao exame. Na lista de faculdades fluminenses, UFF, UFRJ e Unirio estão entre as 10 primeiras.

      No ranking nacional, a campeã de alunos aprovados, em números absolutos, foi uma particular do Rio de Janeiro. Dos 2.916 bacharéis inscritos da Universidade Estácio de Sá, 390 passaram (índice de aprovação de 13,71%).
      EXAME REPROVOU 88,275%
      Em todo o País, 747 de um total de 1.174 faculdades de Direito tiveram bacharéis que fizeram as provas, realizadas em dezembro. Foram 106.891 inscritos, mas só 12.534 foram aprovados, o que significou um índice de reprovação de 88,275% — a prova anterior reprovou cerca de 90%.
      Três do Rio não aprovaram

      Em todo o Brasil, 90 instituições não tiveram nenhum aluno aprovado. Três delas estão no Estado do Rio: Faculdade Gama e Souza (com unidades em Olaria e Bonsucesso); Faculdade Paraíso (São Gonçalo); e Faculdade São José (Realengo).
      Ontem, o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, encaminhou ao ministro da Educação, Fernando Haddad, ofício com a lista de todas as instituições do País que não tiveram alunos aprovados no exame. A Ordem reivindica que os índices de aprovação em “exames de proficiência” dessas faculdades sejam acompanhados pelo Ministério.

      Faetec abre inscrições para 70 mil cursos de qualificação gratuita


      A Faetec está com inscrições abertas para 70 mil cursos de qualificação gratuita, por meio dos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs) e Centros de Educação Tecnológica e Profissionalizante (Ceteps) no Rio.

      Inscrições em sorteio

      Interessados têm até o dia 16 para se inscrever no sorteio para os cursos, por meio do portal da Faetec: www.faetec.rj.gov.br. Basta acessar o link ‘Cursos Profissionalizantes - FIC / Inscrições Online’.

      Projeto Caminhos do Rio abre inscrição para professores do ensino fundamental


      Os professores do ensino fundamental que queiram levar a arte para dentro das salas de aula podem, a partir desta sexta-feira, se inscrever no projeto Caminhos do Rio: Origem da Cidade do Rio de Janeiro.
      O projeto existe desde 1990 com o apoio do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), do Ministério da Cultura. A partir deste ano, com a presença da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, ele passa a incluir estudantes da rede pública de ensino.

      A idealizadora e coordenadora do projeto é a arquiteta e mestre em conservação e restauro Renata Pereira. Aprovado pela Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, o projeto consiste em capacitar professores para que eles façam um passeio com seus alunos pela Praça 15, a mais antiga da capital fluminense, considerada o coração do Rio de Janeiro colonial, onde os monumentos históricos constituem um museu a céu aberto.

      “É uma lição de história, arquitetura, arte”, disse Renata Pereira. “O bacana do projeto é que ele se insere no conteúdo do ensino fundamental, que vai da 3ª série à 7ª série”, completou.

      De acordo com a coordenadora, os professores inscritos participam de um encontro prévio com os organizadores do projeto, quando recebem orientações e os cadernos de atividades do projeto. Depois, na condição de multiplicadores, eles repassam os cadernos para que as crianças possam interagir, fazendo a análise dos monumentos históricos, do espaço urbano, e aprendam durante um passeio cultural sobre a história, a arquitetura e a arte do país. As atividades continuam depois, em sala de aula.

      Renata Pereira destacou que o objetivo do projeto é formar professores para os passeios culturais sobre a cidade do Rio de Janeiro, de modo que eles possam “sensibilizar a criança, para ela se apropriar do espaço da cidade, desenvolver a cidadania”.

      Ela acrescentou que, “se a gente consegue que essas crianças valorizem o espaço urbano, principalmente o patrimônio histórico, que é o primeiro elo cultural, ela passa a defender e preservar a cidade”. O projeto tem como meta a apropriação da cidade pelo professor e pelos estudantes, disse.

      O primeiro encontro com os professores para apresentação do projeto Caminhos do Rio está marcado para o dia 9 de julho próximo. Até o fim do ano, serão 12 encontros, todos nos sábados pela manhã. Após as reuniões preparatórias, os professores poderão agendar os passeios culturais com suas turmas. Renata Pereira estima que os primeiros passeios ocorrerão entre a primeira e a segunda semana de agosto.

      Os professores interessados podem se inscrever gratuitamente pelo site do projeto.

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